01
ago
2018
A Luz Que Perdemos
O que você fazia quando as torres gêmeas caíram? Algumas pessoas trabalhavam, outras matavam o tempo na frente da tv ou passeavam por aí.
Na manhã do 11 de Setembro, Gabe e Lucy se conheceram em uma aula da faculdade. Lá os dois nem imaginavam o quanto aquele incidente iria marcar seus dias e suas vidas. Assim que viram o caos que se instalava na cidade de Nova York, e viram a morte de muitas pessoas, decidiram que usariam suas vidas para fazer algo que fizesse alguma diferença.
Um ano mais tarde, quando a vida os une novamente, Gabe aceita trabalhar como fotojornalista no Oriente Médio e Lucy fica em Nova York para dar continuidade a sua carreira. Assim os anos vão se passando e a vida segue unindo e separando o casal. Mostrando que viver é um caminho cheio de surpresas, chegadas e partidas. Nos fazendo questionar se tudo é uma questão de livre arbítrio ou só destino.
"A Luz que Perdemos" foi um livro que me atraiu logo de cara. Fazia muito tempo que não pegava para ler, um romance contemporâneo leve. Então assim que o recebi, foi como explorar o gênero pela primeira vez. Como diz no comentário feito pelo New York Post, essa obra tem um pouco de "Um Dia", "Como Eu era Antes de Você" e eu acrescentaria aqui o livro Simplesmente Acontece.
Quem já leu Simplesmente Acontece, ao pegar esse lançamento da Arqueiro vai perceber essa semelhança. A autora trata com maestria a passagem de tempo da protagonista, mostrando desde a juventude até a vida adulta, trabalhando com questões de superação de relacionamentos, o esforço para crescer na carreira, a maternidade e como conciliar tudo isso. Apesar do foco ser as indas e vindas do casal e sob o olhar de Lucy, muitos outros pontos da vida dela acabaram surgindo. Isso deixou a leitura mais saborosa e divertida. Adorava quando chegava nos capítulos que mostram o desespero dela descobrindo as dificuldades de uma mãe de primeira viagem.. depois de segunda e terceira.
Esse livro é simples e direto, com muitos capítulos mas curtos, que nos instigam a terminar rápido. A cada final a personagem-narradora fazia comentários sobre o futuro daquilo que era contado, me deixando intrigada e pensando: "ai! Por que ela ta falando isso?"
Para os amantes de livros que fazem referências a outros livros, "A Luz que Perdemos" entrega isso. Há ao longo das páginas, referências à várias obras de Shakespeare e a livros como "Toda Luz que Não Podemos Ver", de Anthony Doerr. No final a autora lista os nomes das obras citadas, para quem ficou interessado.
Um ponto negativo, mas que não atrapalhou a leitura em nenhum momento, foi o drama. Mesmo entendendo que a narradora assume um tom muito melancólico por conta do momento em que ela está contando a estória, não pude deixar de ficar irritada com Lucy. Apesar do incômodo é isso que torna o livro tão honesto. Temos aqui algo como Bentinho em Dom Casmurro, uma estória narrada por um ponto de vista completamente imparcial e falho, em um momento de fraqueza.
Esse romance de Jill Santopolo, é como uma conversa com uma amiga. Confortável, íntima, em alguns momentos engraçada, em outros triste, mas que todos gostam de ter. Recomendo a leitura!
Classificação:
(3,5)