03
jul
2017
Tudo e todas as coisas – Nicola Yoon
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Resenha
"Minha doença é tão rara quanto famosa. Basicamente, sou alérgica ao
mundo. Qualquer coisa pode desencadear uma série de alergias. Não saio
de casa. Nunca saí em toda minha vida. As únicas pessoas que já vi foram
minha mãe e minha enfermeira, Carla. Eu estava acostumada com minha
vida até o dia que ele chegou. Olho pela minha janela para o caminhão de
mudança, e então o vejo. Ele é alto, magro e está vestindo preto da
cabeça aos pés. Seus olhos são de um azul como o oceano. Ele me pega
olhando-o e me encara. Olho de volta. Descubro que seu nome é Olly.
Talvez eu não possa prever o futuro, mas posso prever algumas coisas.
Por exemplo, estou certa de que vou me apaixonar por Olly. E é quase
certo que será um desastre." - SKOOB
“Devo tomar cuidado porque, quando começamos a fazer parte do mundo, ele também se torna parte de nós?
Porque agora é inegável: eu estou no mundo.
E o mundo também está em mim.” (pág. 173)
Que
livro meus amigos, que livro.
Nicola
Yoon é minha nova paixão. MULHER DO CÉU, QUE LIVRO É ESSE?
Quem
é que nunca começou uma leitura achando que sabia exatamente o que ia
acontecer, e de repente VRÁ, acontece uma reviravolta totalmente não prevista e
você fica de queixo caído?
Pois
é.
Apresento-lhes
Nicola Yoon, a rainha da reviravolta.

Em
“Tudo e todas as coisas” conhecemos Madeline Whittier, uma jovem de 17 anos que
não conhece o mundo da porta para fora. E isso não é força de expressão. Desde
que foi diagnosticada com uma doença rara, ela nunca mais saiu de casa.
Entre
filtros de ar, isolamento e um ambiente tão estéril quanto possível, Madeline
passa os dias lendo e navegando na internet. Quando
não está ocupada com suas tarefas, passa tanto tempo quanto possível com a mãe,
a médica Pauline Whittier.
Quando
folheei “Tudo e todas as coisas”, notei que não era um livro comum. Sua
organização foge da construção comum em capítulos, e mescla narrações de Maddy
com ilustrações, mini resenhas, chats com o novo vizinho, bilhetes e
prontuários médicos.
Inclusive, as ilustrações são um doce, e foram feitas pelo marido da Nicola, o talentoso David Yoon.
A
qualidade da história de Nicola Yoon é abrilhantada pelo projeto gráfico, pelas
ilustrações, pelas surpresas que aos poucos vamos encontrando. A Arqueiro arrasou nessa edição, que conta também com fotos foofas do filme.
A
doença de Maddy tirou sua liberdade, mas não tirou o seu humor e a sua
docilidade para com os adultos. Essa questão me incomodou um pouco, já que não
consigo imaginar adolescentes obedecendo a suas mães com tanta facilidade
quanto Maddy.
Contudo,
as coisas mudam do meio para o fim da história, então essa questão deixou de me
incomodar.
No
dia em que um caminhão de mudança para em frente à casa vizinha, Maddy adquire
um novo passatempo: acompanhar a rotina dos novos moradores.
E
é claro que tem um boy gato no meio dessa história.
Olly
foi um personagem que me surpreendeu positivamente, um garoto decidido, que não
tem medo de dizer o que pensa. Ele não faz joguinhos com Maddy, não é perfeito
e não é irreal. O garoto tem uma família bagunçada, um gosto particular por
Parkour e uma energia que quase solta faíscas.
Quando
comecei a ler essa belezura de história, não consegui parar. A escrita de
Nicola é viciante, e muito bem encadeada. A narrativa é predominantemente
escrita em 1ª pessoa, o que poderia ser ruim se Maddy não fosse uma ótima
narradora.
Mais
da metade da história se passa até que a reviravolta CABULOSA acontece, e o
enredo que já fluía perfeitamente adquire uma velocidade frenética.
Nicola
domina o leitor, e dá a ele pistas ao longo da história, que eu (pra variar) só
percebi depois.
Fui
surpreendida por um romance doce, que se desenvolve com ambos os personagens se
conhecendo aos poucos. Eu amo narrativas que tem essa evolução, que os
personagens se movem de um estado para outro.
É
claro que alguns pontos da personalidade de Maddy me deixaram doida, mas
considerando que ela viveu isolada por tantos anos, a maioria das atitudes dela são justificadas.
"Tudo e todas as coisas" é um livro sutil, em que cada entrelinha pode trazer uma informação, um gosto do personagem, um sonho, uma qualidade. É um livro que apesar de leve, tem um tom quase poético em certos momentos.
É
um livro indicado para cura de ressacas literárias, e é ótima companhia para dias em que você tem vontade de
fechar a janela e dormir o dia todo. Não durma, leia. Leia e se apaixone por Nicola Yoon.
Se
tô d-o-i-d-a pra ver o filme? CURIOSÍSSIMA!
Agora
me conta: foi só euzinha que fui flechada pela qualidade da escrita da Nicola
Yoon?