06
out
2017
O Teorema Katherine - Semana John Green
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Editora Intrínseca,
John Green,
Resenha
Do lixo ao luxo, se Quem é Você, Alasca? é o melhor livro de John Green, O Teorma Katherine consegue ser o pior. Calma, calma. Talvez não seja tão ruim assim.
Nessa semana especial dedicada ao autor, tiver que "reler" essa maravilha. As aspas porque achei o livro tão ruim da primeira vez, mas tão ruim, que não cheguei a terminar (queria ressaltar que você não precisa perder tempo lendo ou assistindo algo que ao seu ver não tem qualidade, esse tempo poderia ser utilizado com algo muito melhor e mais útil). Então dessa vez, com mais paciência e observação, consegui enxergar alguns pontos positivos de O Teorema. É, eles existem.
O protagonista, Colin, é um menino prodígio que previsivelmente teve 19 namoradas chamadas Katherine. E não, não são Katies, nem Kats, nem Kitties, nem Cathys, nem Rynns, nem Trinas, nem Kays, nem Kates, nem - Deus o livre - Catherines. É K-A-T-H-E-R-I-N-E. O rapaz é criativo. E após levar um tremendo fora da décima nona, Colin fica com seu coração partido e convencido de que pode estabelecer através de fórmulas e gráficos matemáticos a probabilidade de um casal dar certo ou não, para quem sabe assim ele reconquiste a última das Katherine. Seu amigo rechonchudo e árabe Hassam, na tentativa de fazer o prodígio se sentir melhor, o leva pra uma viagem de carro sem um destino certo, que por acaso acaba tendo um. E é nessa viagem que Colin e Hassam conhecem novas pessoas, outros personagens que vão preencher as camadas dessa história, tais como Lindsay, uma caipira adolescente e Hollis, sua mãe.
O maior ponto forte de Green para mim, são os seus diálogos bem feitos. São sutis, simples, envolventes, e muitas vezes sarcásticos. Mas em O Teorema, alguns são demasiadamente um tanto forçados. As notas no rodapé da página que devem ser a marca registrada do livro no começo eram interessantes, mas logo se tornaram informações desnecessárias, como se o autor quisesse propositalmente encher linguiça.
Colin é egocêntrico e carente, perdido na vontade de ser alguém importante e amado por uma garota que se encaixe nos seus ideais. Apesar de inteligente e prodígio, suas motivações são supérfluas. Ele não é inovador e gosta de coisas tediantes, como decorar nomes de listas telefônicas, ou senadores dos EUA. Até chegou a redigitar peças de teatro de Shakespeare, suas habilidades geniosas se baseiam em informações sem utilidade. Talvez seja justamente por isso que suas ex namoradas tenham se cansado dele. E, aparentemente, os protagonistas dos livros de John embora tenham personalidades diferentes uns dos outros, são quase personificações de quem é o autor, porque é muito fácil imaginá-lo nesses papéis e com essas peculiaridades.
Já Lindsay, ela é a garota caipira e talvez a mais sem personalidade criada por Green. Muitas vezes se mostra um camaleão. Sabe aquele tipo de pessoa que simplesmente muda na frente dos outros, tanto na forma de agir quanto a de pensar e falar? Essa é Lindsay. Ela também não tem planos grandes pro futuro, como a maioria dos jovens. E Hassan, apesar de seu espírito aventureiro, também não.
No entanto, sua mãe Hollis e o próprio Hassam conseguem dar nuances de humor a história, quebrando o clima maçante do livro. E aos poucos é revelado o porquê de certas coisas nessas personalidades.

John também quebra esse clima intercalando passado e futuro no decorrer da história, contado o que houve com as Katherines anteriores e falando um pouco sobre a infância de Colin. Esse, pra mim, é uma das qualidades que o livro tem, como também as suas frases icônicas, Green é cheio delas e as trabalha bem em seus livros.
"É possível amar muito alguém, ele pensou. Mas o tamanho do seu amor por uma pessoa nunca vai ser páreo para o tamanho da saudade que você vai sentir dela."
Temos a cereja do bolo. Infelizmente, o livro só prendeu a minha atenção lá pelo final. Entretanto, valeu incrivelmente a pena. Num cenário monótono, Green conseguiu fugir dessa tal previsibilidade presente desde o começo, dando acontecimentos dos quais eu não esperava. E mais, como sempre, o autor me cativou com novas perspectivas e pensamentos que os próprios personagens adquirem. E aí fui percebendo que eu mesma tinha algo em comum com cada um deles, e que podia tomar pra mim as características louváveis deles que eu não tinha. A frase "não julgue um livro pela capa", seria melhor escrita com "não julgue um livro pelas 200 primeiras páginas".
Se você como eu, largou o livro de antemão, lembre-se do que eu disse ali em cima, não tem problema. Mas permita-se terminar. Não me arrependi de ter terminado na época, porque o que adquiri nessa nova experiência serviu e muito pra meu eu atual. Quem diria, hein? Às vezes até o lado ruim tem algo bom.

Texto por: Ingrid