20
mar
2018
Neve Negra | Resenha
Marcadores:
Cia das Letras,
Santiago Nazarian,
Terror
Ainda falando sobre autores nacionais, como citei na minha última resenha sobre o livro Suicidas do carioca Raphael Montes, iniciei essa jornada de descoberta entre escritores brasileiros que promete se estender pelos próximos meses, dessa vez acompanhando a escrita do paulista Santiago Nazarian.
Em sua estreia pelo grupo da Companhia das Letras, apesar de já ter outros livros publicados, tais como Garotos Malditos (2012) e Biofobia (2014), Nazarian me surpreende e me encanta tal como seu amigo do terror psicológico Raphael, e é engraçado a singularidade entre os dois apesar de explorarem o mesmo tipo de gênero, não há espaço para comparativos, já que suas narrativas são distintas uma da outra.
Nas primeiras páginas já temos pontos extremamente positivos: o interesse imediato do leitor numa história que parece ser simples mas muito bem composta, e muito bem amarrada; o caráter e as dúvidas do protagonista que conta a trama em terceira pessoa; e ainda um cenário diferente para nós brasileiros da região sudeste e acima, a neve. E é essa mesma neve que compõe o título de um dos melhores livros que li na vida, Neve Negra é carregado de tensão e questionamentos sobre paternidade, envelhecimento, e papel familiar.
Bruno Schwartz é um artista plástico que passa mais tempo viajando do que na sua própria casa localizada na serra de Santa Cantarina. Ele já está velho, cansado, e ainda se pergunta sobre sua funcionalidade como pai de seu filho Alvinho, de sete anos, e como marido para sua esposa Bianca. Na noite mais fria do ano, quando já há resquícios de neve pairando a sua cidade natal, Bruno retorna ao seu lar com uma expectativa de recepção calorosa. Tampouco isso acontece, e da noite para a madrugada nesta história, me permiti ler com fervor as páginas de suspense e bizarrices.
Falar mais sobre seria uma grande tramoia da minha parte para estragar a sua experiência. Santiago nos prova que a cultura brasileira é tão rica e envolvente a ponto de nos fazer pensar duas vezes se realmente queremos levantar durante a noite para fazer as nossas mais simples necessidades. Ou que talvez os coelhos, animais tão fofos, não sejam tão fofos assim (tive pesadelos terríveis).
Os personagens, tão poucos, mas tão bem construídos. Parecem já estarem prontos em nossa imaginação. As cenas compostas, em cada detalhe, é instigante e cheias de suspense. Em suma, elogio a sua escrita tão (procurando a palavra certa para descrever...) circundante. Espero ler suas outras obras e terminá-las com o mesmo sentimento de Neve Negra: todo mundo deveria apreciar isso aqui. Portanto, apreciem.
Classificação:
Em sua estreia pelo grupo da Companhia das Letras, apesar de já ter outros livros publicados, tais como Garotos Malditos (2012) e Biofobia (2014), Nazarian me surpreende e me encanta tal como seu amigo do terror psicológico Raphael, e é engraçado a singularidade entre os dois apesar de explorarem o mesmo tipo de gênero, não há espaço para comparativos, já que suas narrativas são distintas uma da outra.
Nas primeiras páginas já temos pontos extremamente positivos: o interesse imediato do leitor numa história que parece ser simples mas muito bem composta, e muito bem amarrada; o caráter e as dúvidas do protagonista que conta a trama em terceira pessoa; e ainda um cenário diferente para nós brasileiros da região sudeste e acima, a neve. E é essa mesma neve que compõe o título de um dos melhores livros que li na vida, Neve Negra é carregado de tensão e questionamentos sobre paternidade, envelhecimento, e papel familiar.
Bruno Schwartz é um artista plástico que passa mais tempo viajando do que na sua própria casa localizada na serra de Santa Cantarina. Ele já está velho, cansado, e ainda se pergunta sobre sua funcionalidade como pai de seu filho Alvinho, de sete anos, e como marido para sua esposa Bianca. Na noite mais fria do ano, quando já há resquícios de neve pairando a sua cidade natal, Bruno retorna ao seu lar com uma expectativa de recepção calorosa. Tampouco isso acontece, e da noite para a madrugada nesta história, me permiti ler com fervor as páginas de suspense e bizarrices.
Falar mais sobre seria uma grande tramoia da minha parte para estragar a sua experiência. Santiago nos prova que a cultura brasileira é tão rica e envolvente a ponto de nos fazer pensar duas vezes se realmente queremos levantar durante a noite para fazer as nossas mais simples necessidades. Ou que talvez os coelhos, animais tão fofos, não sejam tão fofos assim (tive pesadelos terríveis).
Os personagens, tão poucos, mas tão bem construídos. Parecem já estarem prontos em nossa imaginação. As cenas compostas, em cada detalhe, é instigante e cheias de suspense. Em suma, elogio a sua escrita tão (procurando a palavra certa para descrever...) circundante. Espero ler suas outras obras e terminá-las com o mesmo sentimento de Neve Negra: todo mundo deveria apreciar isso aqui. Portanto, apreciem.