O Tempo Desconjuntado
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Entre muitos dos artistas e escritores que só tiveram destaque após sua morte, se encontra Philip K. Dick. O autor, que hoje é considerado um dos maiores nomes da ficção científica do século 20, escreveu obras homônimas como "Andróides sonham com Ovelhas Elétricas?" e "O Homem do Castelo Alto", onde em sua maioria, o foco temático é a natureza da realidade.
Publicado pela primeira vez em 1958, chega ao Brasil pelas mãos da Suma, O Tempo Desconjuntado. Um dos primeiros romances do autor e que também trabalha o questionamento do que é real ou não.
O livro nos leva aos Estados Unidos dos anos 50, logo após a segunda guerra mundial, onde mora Ragle Gumm, um ex combatente que passou a morar com a irmã e sua família, que dedica seu tempo a responder diariamente um concurso do jornal. Logo que somos apresentados a sua rotina e as relações com as demais personagens, percebemos que há algo estranho acontecendo.
Eles encontram revistas de anos no futuro, lêem sobre um tal de Marilyn Monroe e vêem objetos sumirem diante dos seus olhos. Assim como o tempo parece estar desconjuntado, a realidade parace estar desmoronando. Assim, não só o protagonista, mas nós leitores somos levados a paranóia, a dúvidar do universo em que estamos inseridos.
É bem verdade que atualmente uma história como essa não é muito inovadora, hoje você encontra milhões de estórias com essa mesma premissa. Porém, para um livro escrito há mais de uma década é algo inovador. Muitas das obras, filmes e séries que consumimos hoje beberam de águas criadas por Dick.
Ao ler O Tempo Desconjuntado não fui fisgada logo de cara, mas a narrativa foi se mostrando tão intigante e bem escrita que não demorei em me encontra imersa na estória. Assim que mais coisas estranhas aconteceram, colei a cara no livro até saber que diabos estava rolando.
A princípio achei que teria dificuldades quanto a linguaguem do autor, por se tratar de uma obra dos anos 50, mas fui surpreendida ao encontrar uma escrita tão simples, direta e cativante. Acredito que qualquer pessoa não teria problema nenhum em ler.
Apesar dos pontos citados a seu favor, acho que o autor peca em trazer um final que, a meu ver, não ficou a altura do tamanho suspense criado ao longo da narrativa. Talvez seja porque eu esperava um final bem mais mirabolante do que foi, mas ainda sim justifica bem a trama.
Ainda sim, fiquei muito feliz com a leitura e com o trabalho caprichadíssimo da editora quanto a edição. É daqueles livros que dá um gás pra montar coleção dos outros livros clássicos de sci-fi lançados pela Suma.
E para a minha felicidade e dos fãs do Philip, a editora já anunciou a publicação de outro livro inédito, o "Espere agora pelo ano passado", nos mesmos formatos. Já estou sofrendo pra ter em mãos!
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