03
abr
2016
Uma história incomum sobre livros e magia
Kai e Leila são duas meninas completamente diferentes, separadas por milhares de quilômetros de distância que de repente cruzam seus caminhos com um exemplar de O cadáver excêntrico: um livro completamente em branco que possui poderes mágicos. Logo elas percebem que o livro quer contar a própria história, mas não sem a participação delas, que escrevem uma frase que o livro usa para dar continuidade ao texto.
Narrado em terceira pessoa e intercalando os pontos de vista das duas protagonistas, vamos acompanhando o desenrolar de três histórias paralelas que acabam por se cruzar, embora a autora não nos dê pistas de como até acontecer.
Kai está em uma cidade no interior do Texas para passar um tempo com sua tia-avó Lavinia, uma senhora incomum para dizer o mínimo. Se sentindo completamente fora de seu "habitat natural", ela aproveita a liberdade que nunca teve para explorar os arredores e acaba conhecendo Doodle, uma excêntrica estudante de mariposas, que está em busca a extinta mariposa celestial.
Leila está passando um tempo no Paquistão a fim de conhecer um pouco da cultura do lado da família de seu pai e anseia por uma aventura como as que lê nos livros, ou mesmo como as que a irmã vive. Afoita por explorar o Paquistão ela se mete em situações inusitadas, e vê no Cadáver Excêntrico tanto um inconveniente como uma oportunidade de viver algo diferente.
Através dessas duas meninas, o livro narra a história de amor de Ralph e Edwina, um casal que enfrente as maiores dificuldades para ficar juntos, e com a ajuda da magia vai conseguindo sobreviver.
De primeira vista, essas três histórias não tem nada em comum, e por boa parte do livro fiquei procurando as conexões, pensando aonde aquilo ia dar. No entanto, o interessante está exatamente nisso, na habilidade da autora de nos manter interessados e envolvidos nas três histórias para nos pegar de surpresa com a conexão entre elas.
As personagens principais são cativantes por si só e nos vemos ansiosos por conhecer suas histórias e torcendo por elas. Amei a história de Kai e sua ligação com o violino e as mariposas, da mesma maneira que fiquei encantada com a cultura que Leila mostra no Paquistão. Há ainda um terceiro personagem que me cativou, e este é o narrador. Digo que é um personagem pois ele interage com o leitor, exprimindo suas próprias opiniões sobre os fatos ao invés de simplesmente narrá-los, algo que eu achei um toque especial no livro.
O modo singelo e sensível com que a autora vai desenvolvendo as histórias de suas protagonistas me conquistou e me vi cada vez mais ligada a elas, compactuando com seus anseios e compreendendo suas angústias e torcendo por seus sonhos. Também me vi muito ligada à história de Ralph e Edwina, sempre curiosa para ver se daria mesmo certo e torcendo pra dar.
De maneira geral o livro é singelo, doce, despretensioso e vai nos conquistando a cada página. Os personagens são bem desenvolvidos e a trama é surpreendente, doce e envolvente. Pra quem gosta de um livro mais leve, com um toque de mistério inteligente e magia essa é uma ótima pedida!
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