06
abr
2018
A Garota que Bebeu a Lua
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Galera Record,
Resenha

A cada ano, em um vilarejo chamado Protetorado, o recém nascido mais novo é deixado na floresta para a bruxa que vive lá, pois todos acreditam que esse sacrifício fará com que a cidade fique a salvo da sua fúria e magia. Só que eles nem imaginam que Xan, a bruxa que habita a floresta com Glerk, o monstro do pântano e Fyrian, um Dragão perfeitamente minúsculo, é na verdade muito bondosa.
Todos os anos, sem demora, ela salva o bebê e leva para outra família das Cidades Livres, depois da floresta. Sem entender por que alguém cometeria tal crueldade a uma criança.
Durante as viagens, quando o leite acaba, ela alimenta os pequenos com luz estelar. Mas em uma dessas viagens Xan acaba alimentando um deles com a luz da lua, tornando a garotinha "embruxada".
Como a magia é algo perigoso, Xan decide criar a menina que dá o nome de Luna. Assim, a medida que a magia aflora sem controle na garota, a bruxa percebe que a situação é mais complicada do que aparenta ser.
Vencedor da medalha John Newbery para livros infanto-juvenil, A Garota que Bebeu a Lua é um livro que merece o mérito que tem. Kelly Barnhill nos leva a um universo com ares de conto de fada, com uma linguagem simples, mas poética que faz com o leitor entre na história logo nas primeiras páginas. Logo você se vê apegado aos personagens e a trama, querendo saber que caminha a autora escolheu e aguardando ansiosamente o desfecho.
"Quantos sentimentos um coração consegue suportar? Olhou para a avó. Olhou para a mãe. Olhou para o homem que protegia sua família. Infinitos, pensou Luna. Assim como o universo é infinito. É luz e escuridão em movimentos eternos; é espaço e tempo, e tempo dentro do espaço. E ela soube: não há limites para o que um coração consegue carregar."
A história é contada por meio de pontos de vista distintos. Diferente de muitas obras em que essa técnica é usada sem necessidade, aqui ela tem sua importância, já que o foco não é só o desenvolvimento de Luna e sua relação com a Bruxa, mas também sobre como a sua partida influenciou a vida dos demais personagens. Assim, você acaba conhecendo e se apegando a todos os que fazem parte do enredo. Vale ressaltar que o trabalho da autora é primoroso nesse sentido. Cada personagem tem sua voz e no final cada ponto de vista se converge sem que haja confusão.
Esse é um livro profundo e mágico, que me fez suspirar em momentos e chorar em outros por me fazer amar algumas personagens -principalmente o Fyrian, que para mim, é um dos personagens mais amorzinhos que conheci nessa minha vida de leitora-. Não só por isso isso, ao longo das páginas encontramos diversos trechos marcantes que nos fazem pensar em nossas próprias questões.
" - Tia Xan! - choramingou ele - Estou sentindo tantas e tantas coisas!- É claro que está queridinho. - Xan fez um gesto para o dragão se aproximar. Botou cada uma das mãos em um lado do enorme focinho gigantesco - Você tem um coração Simplesmente Enorme."
Essa obra é sobre uma garota que salva seu mundo com a magia, mas também é um livro sobre o amor que vai além do sangue, que sobrevive a distância, sobre a dor e as formas que encontramos para lidar com ela. A Garota que Bebeu a Lua, já é com toda certeza um dos favoritos do ano e logo mais eu pretendo revisitar esse universo tão acolhedor quanto uma canção de ninar.
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